The Assassin [1967]

Companhia: Shaw Brothers
Diretor: Chang Cheh
Diretor(es) de ação: Lau Kar Leung, Tong Gaai.
Elenco: Jimmy Wang Yu, Lisa Chiao Chiao, Tien Feng, Wong Chung Shun, Fang Mien, Cheng Lui, Lau Kar Leung, Li Hsiang Chun, Lam Jing.

Se uma trilha sonora marcante, roupas pomposas e penteados alegóricos fizessem um filme, The Assassin estaria feito. Mas não bastasse tudo isso, tem também uma trama de heroísmo, renúncia, sacrifício e amor. Cenas memoráveis. Fotografia belíssima. Áudio perfeito, diferente das remasterizações da Celestial que assisti até então. Jimmy Wang Yu encarna aqui um jovem mártir, chegando quase ao mesmo grau de “loucura” de William Wallace em Coração Valente (Braveheart, 1995), só que com um raciocínio filosófico não tão profundo. Mas no caso de WW ele meio que se tornou mártir por acaso, tipo “Ah, já tô ferrado mesmo, foda-se! Pelo menos eu levo alguns desses Normandos safados comigo!”. Agora eu sei onde Mel Gibson andou buscando inspiração, hehe.

"About 2300 years ago China was in the period of the ‘Warring States’. During that period of turmoil when rival warlords fought desperately to create their own spheres of influence, anonymous heroes emerged to play a leading role in overthrowing the corrupt feudal system. One of these men, of superior courage and moral integrity, risked his life to become the country's greatest political assassin..."

Em uma época antes de Cristo, numa China feudal repleta de opressões e corrupções, vivia um jovem espadachim (com os dois braços!) chamado Nie Zhang (Jimmy Wang Yu) cujo maior sonho era viver entre batalhas e morrer como um herói. Mas ele não podia concretizar esse sonho, pois não passava de um plebeu e tal destino só era reservado à pessoas de nobre linhagem. Ele também tinha um amor, Xia Ying (Lisa Chiao Chiao), com quem passava horas e horas dos seus dias deitado na relva......conversando e fazendo planos românticos para o futuro.

Sua escola foi atacada pelas tropas do Imperador e depois de estripar alguns soldados, Nie Zhang é obrigado a refugiar-se em outra cidade, junto com sua mãe e irmã. Durante esse período de “exílio” ele passa a sobreviver como matador de porcos e se sente extremamente infeliz. Ora, ele queria ser um guerreiro, deixar um legado de heroísmo para a posteridade! A sorte (sorte?) finalmente sorri para Nie Zhang quando ele recebe a visita de Yen Chung Tzu (Tien Feng), que faz um pedido ao rapaz: que ele mate o Primeiro Ministro, o corrupto Han Kui (Wong Chung Shun). Yen sofrera um ataque a mando de Han Kui e nesse ataque seu único filho foi morto. Ele queria vingança e ao mesmo tempo livrar o povo do tirano Premier. Nie Zhang, é claro, não pensa duas vezes e aceita a missão.

As coreografias, como já era de se esperar pra um filme da década de 60, são um pouco rústicas e um pouco lentas porém bastante empolgantes. A luta final é a melhor de todas, com um desfecho emocionante, e vale a pena esperar quase duas horas pra vê-la. Os efeitos sonoros são praticamente inexistentes, só tendo um ou outro “AHHH” “POW” e alguns barulhinhos de espada. Quem é acostumado às outras produções de Chang Cheh (aqui creditado como Chang “Chueh”), principalmente as que ele fez a partir da segunda metade dos anos 70, pode estranhar um pouco. Mas a trilha sonora compensa, e muito! É uma das mais belas trilhas que eu já ouvi.

Jimmy Wang Yu, então no auge dos seus 24 anos, encara muito bem a personagem e eu me surpreendi com as habilidades dramáticas dele, principalmente nas cenas românticas. Ele está longe de ser um galã, mas as circunstâncias fazem com que ele se aproxime ligeiramente de um. Até então, o filme mais dramático que eu já tinha visto dele foi Sangue de Dragão (Blood Of The Dragon/The Desperate Chase, 1971) onde a temática é quase a mesma, só que ele usa uma lança de metal no lugar da espada. Jimmy não é nenhum expert em kung fu (na verdade ele nunca estudou kung fu na vida) mas ele é esforçado o bastante pra fazer com que as cenas dêem certo, ele fazia a lição de casa. Ele dá até um “saltinho” à lá Ópera de Pequim. Uma característica forte da personagem de Jimmy é o fato de durante as lutas ele dar uma pausa, encarar o adversário e soberanamente abrir os braços, como quem diz: “eu sou Deus!”, hehe.

The Assassin costuma ser classificado como sendo Wuxia, mas eu discordo. O filme não é carregado de efeitos especiais nem cordinhas, constando apenas umas duas ou três cenas de “vôo”, mas nada muito absurdo. É carregado sim em diálogos, com um hiato relativamente longo focado apenas no dilema amoroso de Xia Ying e Nie Zhang. Eu considero esse filme um épico na verdade, um lindo épico.

Nota: 9.0

[Trailer]